Recentemente atendi uma cliente que se
queixou de várias situações no presente onde ela se sentia injustiçada.
Situações que tem a ver com o seu trabalho, no seu momento atual de vida.
Entretanto, a medida que ela foi me contando as
situações do presente, logo foi emendando e lembrando de eventos lá da
infância, onde ela tinha sido injustiçada. É comum haver essa ligação e
repetição de sentimentos da infância na vida adulta, mas a maioria de nós não
se dá conta disso.
Ao lembrar desses eventos da infância, a carga
emocional era muito mais intensa do que a carga dos eventos atuais do trabalho,
não há uma ordem cronólogica que seja "melhor". Comecei pela infância
apenas por conta da carga emocional mais intensa dessas memórias.
Um evento que pode parecer uma bobagem do ponto
de vista do adulto, fica profundamente marcado na criança. Os adultos tendem a
esquecer como se sentiam quando eram crianças e acabam por não reconhecer e
respeitar os sentimentos infantis. E a criança, por não saber se expressar, não
consegue se colocar e se defender, e acaba sofrendo uma carga emocional
intensa. para sua sobrevivencia emocional ela toma uma decisão de fazer
alguma coisa na sua imaginação para não sentir aquela emoção para a qual ela
constrói uma barreira.
O evento com ela se deu na escola, quando tinha,
creio eu, menos de oito anos de idade. Lucia (nome fictício da minha cliente)
havia ganho um saco de balas e os levou para aula. Uma coleguinha ficou
interessada nos doces e quis comprá-los. Sendo assim, a colega pegou um troco
que havia recebido e ofereceu como pagamento em troca do saquinho de balas.
Lúcia aceitou o pagamento, deu as balas para amiga e foi pra casa feliz da vida
com o dinheirinho no bolso. Chegando em casa, deu o dinheiro para sua avó
guardar, pois adorava poupar.
Entretanto, não sei exatamente por qual razão, a
mãe desconfiou daquele dinheiro, como se ela tivesse roubado algo de alguém.
Lúcia se sentiu então muito mal com o julgamento da mãe, pois ela se via como
uma criança de boa índole que jamais prejudicaria um colega. Mas a história foi
bater de volta na escola. E ela foi julgada também pelas professoras, se
sentindo cada vez mais magoada e injustiçada. A sorte é que um menino havia
visto a "transação comercial" e a defendeu dizendo que Lucia havia
vendido as balas em troca do dinheiro.
Mesmo assim, para a sua mãe e para outros
adultos, foi como se ela tivesse tirado alguma vantagem. O resultado é que ela
foi obrigada a pedir a avó de volta do dinheiro e devolver para a colega. Ficou
envergonhada e triste por isso. E o pior, a amiga não devolveu o saco de balas.
O sentimento de injustiça ficou ainda maior. Era como se ela tivesse cometido
um crime, tendo feito algo totalmente errado e estava sendo punida.
Pode parecer um fato bobo para um adulto. Mas a
verdade é que a emoção da criança é tão intensa quanto a de um adulto. O trauma
causado ao passar por uma situação como essa na infância se assemelha ao trauma
que um adulto teria ao ser acusado injustamente de roubar ou tentar levar
alguma vantagem sobre alguém. Qualquer adulto se sentiria muito mal com uma
situação como essa. A criança também sente, e talvez numa intensidade maior,
pois não tem uma clareza e maturidade o suficiente para argumentar e se
defender. E vai argumentar contra quem? Contra mãe toda poderosa? Contra as
professoras que sabem de tudo? A criança sente então um misto de sentimento de
injustiça, raiva e culpa. Sim, culpa por que se pessoas tão maduras e adultas a
acusam, ela lá no fundo fica se questionando se realmente fez algo errado.
Cria-se um conflito.
E esse foi um dos eventos que surgiu durante a
terapia, onde ela relatava que havia ficado uma ferida profunda. Trabalhamos
pacientemente até dissolver os sentimentos de mágoa, raiva e injustiça. O
resultado foi excelente.
Muitas vezes até nós mesmo não damos importância
a esses sentimentos que ficam lá da infância, por acharmos que seja uma
bobagem. Mas não são. São tão intensos e tão importantes de serem tratados e
dissolvidos como quaisquer outros sentimentos gerados na vida
adulta. Situações emocionais da infância, são conteúdos guardados
que se refletem de forma profunda até a vida a adulta.
No caso da minha cliente, o sentimento de
injustiça se repetia em diversas situações da vida adulta. E essa repetição
ocorre por uma combinação de razões. Uma das razões é que, quando guardamos
sentimentos negativos do passado, como o sentimento de injustiça por exemplo, a
nossa mente tenderá e enxergar mais situações de injustiça. Já que se trata de
uma ferida aberta que temos dentro de nós, todas as vezes que observarmos uma
injustiça (seja conosco ou com terceiros) essa ferida será tocada e por isso
prestaremos mais atenção a essas situações e elas nos marcarão mais
intensamente.
O outro mecanismo que leva a repetição das
situações é o que chamamos de sincronicidade, ou coincidências.
O sentimento
negativo dentro de nós é como imã que atrai mais situações negativas. Ou seja,
sentimentos de injustiça atraem mais situações para que a gente se sinta
novamente injustiçado e confirme uma crença pré-estabelecida. E aí, quando as
situações acontecem, iremos reagir emocionalmente de uma forma mais intensa,
devido ao acumulo de injustiças do passado. O sentimento então se intensifica,
nossa mente tenderá a enxergar mais injustiças e vai reagindo de forma
cada vez pior... Creio que é possível perceber o circulo vicioso que
ajuda piorar negatividade guardada.
Esse mecanismo acontece para qualquer tipo
de sentimento negativo. É dessa forma que o ego se fortalece e domina a nossa
vida, e acaba nos causando muito sofrimento.
Já tratei centenas de eventos como esses e vi o
quanto a dissolução desses sentimentos traz melhoras na vida adulta. Nunca
subestime os sentimentos que foram gerados na infância. Sentimentos não tem
idade. Podem ser gerados no nascimento e se perpetuar por uma vida inteira.
Tudo isso também serve para que a gente relembre
como é que uma criança se sente, e assim termos mais consciência de como
tratá-las, respeitando seus sentimentos.
É difícil que os adultos tenham essa
clareza. É raro ver alguém pedindo desculpas por ter cometido um erro com uma
criança.
É comum ver os pais dizendo e fazendo coisas que humilham os filhos na
frente de outras pessoas. Pense como um adulto se sentiria em situações como
essas.
É da mesma forma que a criança sente, mas ela pode não aparentar, por
não saber lidar com situação e nem se expressar como um adulto.
Através da Terapia, conseguimos dissolver
de forma profunda essa negatividade guardada, levando a uma sensação de paz
interior e perdão.
Busque ajuda quando precisar!!!!
Rosemari Padilha - Psicoterapeuta
(11) 8303.0114 (claro) ou
(11) 8257.6815 (tim)
Dra. Rosemari também atende em Piracicaba.
Entre em contato e obtenha maiores informações: rosemaripadilha@yahoo.com.br
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